Sr. Maria Arcadia Nardin - 06/11/2025

Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15)

Este versículo do Evangelho de Marcos descreve bem a vida da Irmã Arcádia. Uma mulher forte, incansável, alegre, sincera, com um grande fervor em seu compromisso de levar o Evangelho e o amor da Face de Cristo a todos que encontrava e àqueles a quem fora enviada.

Quem é a Irmã Arcádia? Ela nasceu em 8 de outubro de 1930, em Tempio di Ormelle (TV). Quinta filha de uma família de 12 irmãos, foi batizada com o nome de Clara, que significa "luminosa". Aos 19 anos, ingressou na Congregação das Irmãs da Sagrada Face com o sincero desejo de fazer de sua vida um reflexo da Face de Cristo, dedicando sua juventude e força ao Senhor e ao Seu Reino para que muitos pudessem conhecê-Lo e amá-Lo. Um itinerário que a levou, após as várias etapas de formação, viver sua consagração religiosa com grande alegria e fervor.

Sua vida foi uma peregrinação marcada por um ardor e uma jovialidade constante que irradiava as co-irmãs e a todos que conviviam com ela. Um aspecto singular de sua biografia são algumas datas ligadas a eventos significativos em sua jornada de fé, vividos no mês de outubro, mês que a Igreja dedica às missões: batismo, crisma, ingresso no noviciado e primeira profissão religiosa entre as Irmãs da Sagrada Face, em 26 de outubro de 1952. Missão esta, que a Irmã Arcádia carregava no sangue e no coração. Onde quer que fosse chamada a servir, deixava sua marca de ousadia, fortaleza e grande dedicação em tudo o que vivia e fazia.

Após sua primeira profissão, serviu em diversas comunidades no sul e norte da Itália. Durante doze anos, atuou como Madre Geral da Congregação, período em que viajou para além das fronteiras da Itália e da Europa, atendendo ao chamado da Bem-Aventurada Fundadora para levar a Face de Cristo aos confins da terra. Com grande entusiasmo e coragem, levou o carisma e a espiritualidade da Sagrada Face à terra de Santa Cruz, no Brasil.

Após concluir seu serviço como guia da Congregação, escolheu partir como missionária, dedicando e doando sua vida ao povo do Nordeste do Brasil. Ela encarnou o lema "Ide por todo o mundo" nas comunidades de Martins, Cajazeiras e São Miguel por 16 anos, deixando um belo testemunho de amor à Sagrada Face, à Igreja, aos rostos desfigurados dos mais pobres e às famílias necessitadas que visitava frequentemente. Andava sempre de bicicleta pelas ruas de Martins, entre crianças, doentes e necessitados de cuidados, especialmente do "Remédio da Imortalidade", que fielmente levava aos que não podiam comparecer à Missa dominical. Muitos a recordam por sua caridade e dedicação, por seu jeito franco, forte, jovial, atencioso e sincero com todos, sabendo colocar Jesus e Seu Reino no centro. Sua missão em São Miguel foi imensa, onde, entre suas muitas atividades, formou muitos ministros extraordinários da comunhão e catequistas com a intuição de continuar a missão evangelizadora da Igreja com leigos disponíveis e preparados.

Ao retornar à Itália, ela não considerou sua missão concluída. Disponibilizou-se por mais de 14 anos como assistente e guia espiritual, oferecendo palavras de conforto, alegria e esperança aos residentes da Obra Imaculada em Conegliano, bem como aos familiares e funcionários que ainda hoje a recordam com carinho e gratidão.

Com um ímpeto de sabedoria, ao sentir suas forças se esvaírem, prontamente e sem hesitar, solicitou um pedido para ir à Casa Mãe – San Fior, e dessa forma, se preparar para o encontro definitivo com o Rosto que incansavelmente buscava, propagava e amava com o precioso dom de si mesma. Viveu nessa comunidade por 10 anos, compartilhando, na medida do possível, momentos do dia com as senhoras hospedadas em nosso abrigo, participando semanalmente da Lectio Divina, além de jogos e brincadeiras, sempre com alegria, entusiasmo e grande zelo missionário. Até os últimos dias de sua vida, dedicou-se a ouvir a Palavra, as notícias sobre o progresso de nossas missões, das vocações e, de como a Igreja avançava na proclamação e no amadurecimento da fé das pessoas neste mundo hipermoderno. Alegrava-se com as irmãs mais jovens que chegavam de nossas missões, inspirando-as com confiança, como sempre fazia, encorajando-as a continuar fazendo de suas vidas um dom.

A confiança nas pessoas era a sua característica mais marcante, e é por isso que Irmã Clara (Irmã Arcádia) tinha tantos amigos, porque nos sentíamos amados e estimados. Agora, reconhecemos com gratidão que a confiança que ela depositou em nós nutriu talentos escondidos que hoje dão frutos de benevolência e amor. Como todos os mortais, ela também tinha algumas limitações, ligadas ao seu temperamento impulsivo, mas o sol nunca se punha sem que ela pedisse perdão àqueles que de alguma forma havia magoado ou irritado, essa sua humildade a tornava ainda mais amável e próxima de todos.

Irmã Arcádia, em seus 95 anos, viveu em total doação ao Senhor e à Sua Face, fazendo o bem à Congregação e a todos aqueles que receberam sua missão. Termina sua vida terrena no dia 6 de novembro de 2025, cruzando o limiar do Céu, depois de ter cruzado tantas outras portas, estradas, fronteiras e continentes, deixando-nos um testemunho de coragem, nos impulsionando a seguir em frente com esperança, levando o sorriso de Cristo ao mundo.

Obrigada por compartilhar conosco seu amor e ardor pela Face de Cristo e pelos pobres, e por nos ensinar que, apesar dos desafios e dificuldades, o Senhor quer que sejamos felizes e generosos de coração!

 

Madre Lina Freire de Carvalho

 


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