O evangelho de Marcos nos diz que no dia seguinte ao sábado Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé (Joana segundo Lucas) foram ao sepulcro de manhã cedo, quando ainda estava escuro. "No sábado, Maria Madalena, Maria de Tiago e Salomé compraram óleos aromáticos para ir embalsamar Jesus. No início da manhã, no primeiro dia depois do sábado, chegaram ao sepulcro ao nascer do sol. Elas diziam umas as outras: "Quem vai retirar a pedra da entrada da tumba?" Mas, olhando, viram que a pedra já havia sido removida, embora fosse muito grande"(Mc 16: 1-5).

O ícone que escolhemos para nosso caminho capitular é obra de padre M. Rupnik e representa o momento no qual as três mulheres chegaram ao sepulcro e o encontraram aberto e vazio. Entre as mãos tinham os lençóis e os vasos de unguento perfumado, a mirra, para ungir o corpo do seu Senhor. Eram três, mas tão unidas entre si que pareciam um único corpo que caminha quase dançando na mesma direção, seguindo a orientação do Anjo, apontando para elas o túmulo vazio. Este único corpo das três mirofores nos faz pensar na comunhão Trinitária e na vocação da comunidade religiosa que, segundo nossas Constituições, é chamada a formar um só corpo e um só coração, é chamada a caminhar juntas ao encontro do Ressuscitado e pelas estradas do seu Reino para espalhar o bom odor da Vida Nova. 

O ANJO INDICA O SEPULCRO VAZIO
O anjo disse para elas: "Não tenham medo! Vocês procuram Jesus Nazareno, o crucificado? Ressuscitou, não está aqui. Eis o lugar onde o haviam colocado.  Vão, digam aos seus discípulos e a Pedro: "Ele vos precederá na Galiléia. Lá o vereis, como Ele vos disse". (Mc 16,6-7). Nos momentos sombrios e de desencorajamento nunca nos falta o anjo do Senhor que nos diz: Não tenham medo! Não continuem a procurar somente o crucificado, mas recordai-vos que ressuscitou!.

O OLHAR DELAS DIANTE DO SEPULCRO VAZIO
As mulheres, com o olhar aturdido voltado para o túmulo vazio, revelam medo, admiração e surpresa. Não falam, não se expressam com suas vozes, elas permanecem em silêncio, mas seu olhar revela um sentimento de perda diante do que seus olhos estão vendo. Estão percebendo a luz ofuscante que emana do túmulo vazio, uma luz que atrai o olhar, mas ao mesmo tempo arrisca de cegá-lo, e talvez seja por isso, que a terceira mulher desvia os olhos para fixá-los em nós.  O que elas vêem é uma luz nova e no entanto antiga, a mesma luz presente na criação, quando Deus separou a luz das trevas. E parte dessa escuridão, da sombra do mal e do pecado, ainda está presente no sepulcro, mesmo que em pequena quantidade, para nos lembrar que Cristo venceu o pecado e a morte e no Batismo nos deu a luz para que também nós a façamos brilhar através do amor filial e fraterno.

O PERFUME DA VIDA NOVA
As mãos das mulheres, parcialmente cobertas, são mãos que servem, mãos que carregam lençóis, perfumes e aromas para honrar o corpo de Jesus, são mãos que acariciam, mãos que acalmam, mãos que rezam, mãos que sabem depor o que trouxeram e não serve mais, como os aromas, e que agora são inúteis porque o Senhor ressuscitou. O perfume da Páscoa não é o dos aromas, mas é o perfume do Ressuscitado, o perfume da vida nova, o perfume do amor. Agora, este é o cheiro que não apenas as mirofores são chamadas a difundir, mas todos nós que fomos batizados em Cristo, somos chamados a difundir no mundo: o Bom odor de Cristo ressuscitado.

ENVIADAS AOS IRMÃOS
Os pés das mirofores são pés em movimento, pés prontos para correr nas estradas do mundo, porque as mulheres receberam uma missão do Anjo e, no Evangelho de Mateus, a missão que receberam diretamente de Jesus que foi ao encontro delas e disse: « Não tenham medo; ide e anunciai aos meus irmãos que se dirijam para a Galiléia; ali me verão”(Mt 28,10). Jesus foi ao encontro das mulheres para dar-lhes a alegria de ir anunciar sua ressurreição, mesmo correndo o risco de não serem acreditadas. E é com esta força e esta confiança que elas vão e anunciam o inacreditável, para que todos possam acreditar que Jesus ressuscitou.

As nossas Constituições também nos convidam: “Somos enviadas pela Igreja, a qual acolheu e confirmou o Carisma, em virtude da nossa vocação específica: fazer presente no mundo o Mistério Pascal de Cristo no seu Rosto. Por isso, queremos ser, entre os irmãos, reflexo de tal Rosto que revela as riquezas do Seu amor misericordioso". (cf. art. 67)